Um em cada 10 brasileiros passou até 24 horas sem ter o que comer no ano passado. São 20 milhões de pessoas segundo estudo feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). O resultado alarmante é consequência do aumento da fome no país em decorrência da pandemia de Covid-19. No Dia Mundial da Alimentação, celebrado neste sábado (16), a reportagem ouviu paraibanos sobre as dificuldades que a população está enfrentando para garantir a comida no prato todos os dias.
Caso, por exemplo, de Dona Maria, que aproveita o início da manhã para passar no Mercado Central, em João Pessoa, olhando os preços. “Tá difícil. A gente sai com cem reais e não dá pra quase nada”, lamentou, enquanto mostrava as duas sacolas de compras que conseguiu fazer com o dinheiro. Segundo ela, com o mesmo valor, um ano atrás, daria para adquirir uma feira melhor.
A alta nos preços dos alimentos tem impactado muitos países neste período de pandemia. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado este ano, 2,3 bilhões de pessoas (ou 30% da população global) não tiveram acesso à alimentação adequada em 2020. Os números elevados expõem a fragilidade do sistema de distribuição de renda nos países, abalados pela forte crise econômica resultante da crise sanitária da Covid-19. No Brasil, a situação envolve 14 milhões de desempregados surgidos a partir do fechamento de milhares de empresas, além das famílias desestruturadas como consequência de perdas resultantes da doença.
A pesquisa feita pela Rede Penssan (que congrega pesquisadores, estudantes e profissionais) mostrou que a pior condição está nos domicílios de área rural, onde a fome chega a 12%. Quando são avaliadas situações como a redução de alimentos ou maior espaçamento entre refeições, pelo menos 55% da população brasileira – mais da metade dos habitantes – sofre de insegurança alimentar.
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