Imprensa nacional diz que Pedro enfrenta ‘corda-bamba’ com neutralidade entre Lula e Bolsonaro

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Candidatos a governador que adotaram posição de neutralidade em relação à disputa nacional entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) enfrentam uma corda-bamba no segundo turno em seus estados.

De acordo com esta matéria originalmente publicada pela Folha, dos 24 candidatos a governador que concorrem no segundo turno, cinco não anunciaram apoios a Lula ou Bolsonaro. Trabalham para estadualizar a eleição e buscam votos entre os eleitores dos dois presidenciáveis.

Dentre os candidatos ditos ‘neutros’, lembra a matéria, está Pedro Cunha Lima (PSDB) que disputa o Governo do Estado contra o governador e candidato à reeleição João Azevêdo (PSB).

Neste segundo turno, Pedro recebeu o apoio de bolsonaristas, mas também obteve a adesão do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), apoiado por Lula e derrotado no primeiro turno.

Azevêdo tem criticado o adversário, afirmando que ele deve descer do muro em relação à eleição nacional. O tucano, contudo, diz que prefere focar nos problemas e projetos para o estado.

Segundo a matéria, outros casos similares foram registrados em outros Estados do país e, ao justificar a decisão, alguns candidatos falam em união e rechaçam a influência da polarização nacional da disputa local. Por outro lado, os mesmos candidatos são atacados pelos adversários com alcunhas como “candidato do tanto faz”, “bolsonarista envergonhado” e ouvem até críticas de que “neutro só sabão de bebê”.

Leia a íntegra da matéria clicando aqui ou logo abaixo:

“Candidatos enfrentam corda-bamba com neutralidade entre Lula e Bolsonaro

Nomes como Eduardo Leite (PSDB), ACM Neto (União Brasil) e Raquel Lyra (PSDB) rechaçam influência da eleição nacional, mas são cobrados por aliados e criticados por adversários

Candidatos a governador que adotaram posição de neutralidade em relação à disputa nacional entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) enfrentam uma corda-bamba no segundo turno em seus estados.

Dos 24 candidatos a governador que concorrem no segundo turno, cinco não anunciaram apoios a Lula ou Bolsonaro. Trabalham para estadualizar a eleição e buscam votos entre os eleitores dos dois presidenciáveis.

Ao justificar a decisão, falam em união e rechaçam a influência da polarização nacional da disputa local. Por outro lado, são atacados pelos adversários com alcunhas como “candidato do tanto faz”, “bolsonarista envergonhado” e ouvem até críticas de que “neutro só sabão de bebê”.

Dos cinco candidatos neutros neste segundo turno, quatro estão em estados do Nordeste, região em que Bolsonaro tem alta rejeição e onde Lula chegou a 70% dos votos válidos.

Neutro desde o primeiro turno na Bahia, quando foi chamado pelos adversários como o “candidato do tanto faz”, ACM Neto (União Brasil) dobrou a aposta nesta estratégia no segundo turno.

Com o revés no primeiro turno, quando foi ultrapassado por Jerônimo Rodrigues (PT), o ex-prefeito de Salvador tem como desafio ampliar a votação que teve entre eleitores lulistas e atrair apoiadores de Bolsonaro. Para evitar atritos, atua como uma espécie de equilibrista.

De um lado, tenta convencer o eleitor conservador com um discurso que ataca os 16 anos de gestões do PT na Bahia. Do outro, faz um apelo junto aos eleitores de Lula alegando que, quando foi prefeito, trabalhou sem sobressaltos com três presidentes de campos opostos.

No horário eleitoral, tem reforçado o discurso de que o eleitor é livre para escolher um presidenciável de um partido e um candidato a governador de outro.

Mas na articulação política passou a fazer acenos mais claros para bolsonaristas. Nesta semana, recebeu o apoio de Raíssa Soares (PL-BA), derrotada para o Senado, e do ex-ministro Gilson Machado (PL-PE).

Na quinta-feira (20), em entrevista ao podcast Inteligência Ltda., Bolsonaro sinalizou apoio ao ex-prefeito de Salvador: “Talvez façamos um apoio com ACM Neto, independente que ele queira acordo comigo ou não. Onde tem o PT, eu estou do outro lado”, disse.

Mesmo com a declaração de apoio, ACM Neto disse que nada muda em sua campanha. Mas os adversários criticam o que chamam de jogo duplo: “Na verdade, ele fica se escondendo. Ele devia se assumir, não dá para enganar todo mundo o tempo todo”, diz o senador Jaques Wagner (PT).

Em Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) também adotou posição de neutralidade em estratégia para ter votos entre eleitores de Lula e de Bolsonaro, segundo aliados. Ela enfrenta Marília Arraes (Solidariedade), que neste segundo turno recebeu o apoio de Lula.

Enquanto a migração de votos bolsonaristas para Raquel é vista como natural, o eleitorado lulista está dividido no segundo turno, com parte sinalizando possibilidade de voto na candidata do PSDB.

A neutralidade da ex-prefeita de Caruaru é explorada por Marília Arraes, que fustigou a adversária em um debate na Rádio Jornal: “Você optou por estar com Bolsonaro, mesmo fingindo que está neutra. Eu sou mãe, Raquel, e você também. A gente sabe que neutro só sabão de bebê”.

Marília mantém a linha de apontar o que considera uma omissão de Raquel e diz que é preciso ter posição “pois Pernambuco não é uma ilha” em meio ao país. A tucana rebate alegando que quer “unir Pernambuco” e que quem resolverá os problemas do estado é a governadora, e não o presidente.

Ainda no Nordeste, mantém-se em neutralidade o candidato ao Governo da Paraíba Pedro Cunha Lima (PSDB), que disputa contra o governador e candidato à reeleição João Azevêdo (PSB).

Neste segundo turno recebeu o apoio de bolsonaristas, mas também obteve a adesão do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), apoiado por Lula e derrotado no primeiro turno.

Azevêdo tem criticado o adversário, afirmando que ele deve descer do muro em relação à eleição nacional. O tucano, contudo, diz que prefere focar nos problemas e projetos para o estado.

Em Alagoas, o senador e candidato a governador Rodrigo Cunha (União Brasil) também recebeu o apoio dos bolsonaristas no segundo turno, mas tem evitado se associar ao presidente.

Ele é aliado do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP) e disputa o segundo turno contra o governador afastado Paulo Dantas (MDB), candidato à reeleição.

Na contramão das disputas no Nordeste, o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) tem como adversário um bolsonarista raiz, o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL).

Leite iniciou a campanha com uma coligação de seis partidos de centro como fiadora de uma campanha à reeleição que se considerava tranquila. Mas o plano quase foi por água abaixo logo no primeiro turno.

Quando as urnas se abriram, Leite viu Onyx Lorenzoni 10 pontos percentuais à frente e por muito pouco –2.441 votos– não foi superado por Edegar Pretto (PT).

Com a diretriz do PT de recomendar “nenhum voto a Onyx”, reforçada por Lula durante visita a Porto Alegre, Leite preferiu não arriscar seus votos da direita moderada e se manteve neutro na eleição presidencial.

Pesou no cálculo político o longo prazo. Aliar-se formalmente com a esquerda poderia ser imperdoável ao eleitor gaúcho de direita.

Embora contrariados com a falta de um apoio de Eduardo Leite a Lula, líderes da esquerda como os ex-governadores petistas Olívio Dutra, Tarso Genro e a ex-deputada Manuela D’Ávila abriram voto no tucano.

Mesmo sem união formal, o namoro entre Lula e o PSDB gaúcho é explícito. Na quarta-feira (19), o governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) –que assumiu quando Leite renunciou ao cargo em março– participou de um jantar com Geraldo Alckmin (PSB), Pretto e o presidente do PT gaúcho, Paulo Pimenta.

Uma foto do encontro mostra os participantes fazendo o L para a câmera, à exceção de Ranolfo. Há quatro anos o cenário era o oposto: foi Ranolfo quem recomendou a Leite abrir voto em Bolsonaro na eleição de 2018.

Enquanto flerta com a esquerda, Leite tenta conter uma debandada à direita de sua coligação. Nessa semana, a ala do MDB comandada pelo prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, escancarou o bolsonarismo e indicou apoio a Onyx. Trata-se do partido do vice de Leite, Gabriel Souza (MDB).

Na campanha de TV, Leite trocou o azul e o amarelo do PSDB pelas cores do RS –verde, vermelho e amarelo–, e apareceu em trajes típicos. Também vem reforçando a ideia de que não vê “lulistas e bolsonaristas, mas gaúchos.”

Portal da Capital

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