Acusações de relações com a Operação Calvário, que investiga um esquema de desvio de recursos da Saúde na Paraíba, foi o pano de fundo do primeiro duelo entre os candidatos ao governo da Paraíba, João Azevêdo (PSB), que concorre à reeleição, e Pedro Cunha Lima (PSDB), no debate realizado pelas TVs Cabo Branco e Paraíba, na noite desta quinta-feira (27).
Durante as duas horas do debate, mediado pelo apresentador Hélter Duarte, também ouve troca de farpas sobre a atuação política entre eles. Em alguns momentos, Duarte teve que intervir para que cada um dos candidatos respeitassem o tempo de fala dos concorrentes. Não houve pedido de resposta por parte de nenhum deles.
Após um tempo inicial para apresentação, o clima esquentou quando João Azevêdo novamente associou a imagem de Pedro à Operação Calvário, através de um ex-sócio (Jovino Machado) que teria participado do esquema de recebimento de propina.
Pedro rebateu, tentando forçar que João admitisse que o principal operador da organização seria o ex-governador Ricardo Coutinho (então aliado), padrinho que o elegeu ao governo em 2018, supostamente com recursos da Calvário.
Também afirmou que João é investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça após ser citado em delações de Livânia Farias e Daniel Gomes e que seis auxiliares da sua gestão foram presos em uma das fases da investigação.
João insistiu que não tem nenhuma investigação contra a sua pessoa e Pedro negou qualquer relação com a Calvário, seja através do sócio ou pelo fato de Cássio Cunha Lima, seu pai, ter sido aliado de Ricardo Coutinho no período.
Blocos temáticos
Os dois blocos que seguiram foram destinados a temas pré-determinados. Pedro abriu o debate com questionamentos sobre o baixo investimento do governo na divulgação do Maior São João do Mundo, em Campina Grande, com o tema Turismo. João negou e disse que o destino Paraíba foi amplamente divulgado através da PbTur.
Já João Azevêdo escolheu saneamento básico para comprometer Pedro em uma tema que virou tabu no processo eleitoral deste ano, na Paraíba, que é a privatização da Cagepa. O governador disse que isso não acontecerá em sua gestão. Pedro disse que vê como necessário a participação de investidores em alguns setores, através de financiamento do BNDES, mas negou que o modelo seja privatização.
A questão do IMCS, em especial o imposto para iniciativas como energia solar, e redução do peso de impostos para empresários de modo geral também entrou na pauta do debate entre os candidatos.
Azevêdo também escolheu o tema agricultura familiar e agropecuária para trazer para o debate. Ele falou sobre os programas de incentivo e de geração de renda no campo. Pedro criticou a gestão do governador, afirmando que os agricultures foram abanadonados e que as potencialidades dos arranjos produtivos locais não são aproveitados. Prometeu retomar o programa de distribuição de leite e pão.
O tema incentivo ao esporte foi colocado no debate por Pedro, que criticou a quantidade de Centros Olímpicos prometidos feitos por João, a estruturas dos estádios e o dinheiro destinado ao Bolsa Atleta.
Azevêvedo rebateu, apresentando valores investidos no programa de ajuda aos atletas, nas olimpíadas escolares e dos ciganos.
Troca de farpas
Ao longo do debate, os candidatos trocaram acusações e provocações sobre a atuação política e a história um do outro.
João Azevêdo acusou Pedro de exercer um mandato ‘pífio’, com ausências reiteradas na Câmara Federal, seja através de licença parlamentar ou por ausências nas sessões de votação em plenário. Pedro rebateu alegando que seu afastamento foi para contemplar suplentes como Patrick Dornelas e Rafafá, ambos de causas das minorias.
Pedro, por sua vez, questionou o excesso de gastos do governo com itens não prioritários, como a Granja Santana e com a máquina pública com mais de 50 secretarias; e alfinetou o oponente sobre a apreensão de cestas básicas pela polícia nesta quinta-feira, o que João negou veemente ter conhecimento.
João criticou, por diversas vezes, a gestão de Cássio (pai de Pedro), que teve problemas em forçar servidores a fazer empréstimos, viaturas policiais sem gasolina, e foi acusado, segundo João, de receber propina de empreiteiras para privatizar a Cagepa.
Pedro cobrou que o concorrente focasse nele e não no pai. O candidato à reeleição disse que se sentia à vontade com o discurso porque Pedro havia afirmado, em entrevista à TV Cabo Branco, que seu pai teria participação em seu governo.
Debate
O debate foi manter dividido em quatro blocos, mas com mudanças na dinâmica e perguntas feitas de candidato para candidato. Foram dois blocos com perguntas de tema livre e dois blocos com perguntas determinadas. No último bloco também houve espaço para as considerações finais.
Relógios, colocados em locais visíveis para os candidatos, favoreceram para os candidatos controlarem o uso do tempo.
Jornal da Paraíba