O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega anunciou, nesta quinta-feira (17), sua saída do governo de transição, comandado pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. Em carta enviada ao ex-governador de São Paulo, ele explica os motivos que fez mudar de ideia sobre sua participação, citando um procedimento administrativo do Tribunal de Contas da União (TCU) e pressão da oposição.
Mantega admitiu que o procedimento administrativo do TCU fez com que ele deixasse de ser remunerado por estar presente no governo de transição. Mas, de acordo com ele, isso não era problema, pois já havia aceitado ser “colaborador não remunerado”. Além disso, era uma maneira de driblar seu impedimento em exercer funções públicas por 8 anos, que ainda está em vigor.
Apesar disso, a oposição do governo Lula, segundo Mantega, explorou a situação para tumultuar a transição e o início do novo Governo. “Diante disso, resolvi solicitar meu afastamento da Equipe de Transição, no aguardo de decisão judicial que irá suspender os atos do TCU que me afastaram da vida pública. Estou confiante de que a justiça vai reparar esse equívoco, que manchou minha reputação”, disse o ex-ministro.
Confira a carta na íntegra:
São Paulo, 17 de novembro de 2022.
Prezado Vice-presidente
Geraldo Alckmin
Coordenador Geral da Equipe de Transição
Aceitei com alegria o convite para participar do Grupo de Transição, na certeza de poder dar uma contribuição para a implantação do governo democrático do presidente Lula.
Entretanto, em face de um procedimento administrativo do TCU, que me responsabilizou indevidamente, enquanto ministro da Fazenda, por praticar a suposta postergação de despesas no ano de 2014, as chamadas pedaladas fiscais, aceitei trabalhar na Equipe como colaborador não remunerado, sem cargo público, para não contrariar a decisão que me impedia de exercer funções públicas por 8 anos.
Mesmo assim essa minha condição estava sendo explorada pelos adversários, interessados em tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo.
Diante disso, resolvi solicitar meu afastamento da Equipe de Transição, no aguardo de decisão judicial que irá suspender os atos do TCU que me afastaram da vida pública. Estou confiante de que a justiça vai reparar esse equívoco, que manchou minha reputação.
Agradecendo a confiança,
Atenciosamente,
Guido Mantega
Folha de São Paulo