O presidente da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), Dinho Dowsley, afirmou que vem fazendo um apelo para que a maioria dos vereadores possam destinar emendas ao Hospital Padre Zé, que passa por uma crise após o escândalo de desvio de recursos da diretoria anterior. A informação foi dada durante entrevista ao programa Arapuan Verdade, da Arapuan FM, nesta sexta-feira (1º).
Como acompanhado pelo ClickPB, Dinho Dowsley falou que este ano os vereadores destinaram cerca de R$ 700 mil em emendas para o hospital. No entanto, para 2024, o valor precisa ser maior para que o Padre Zé possa ter um alívio financeiro e não tenha risco de interromper os serviços.
“Tivemos uma reunião com o padre George nesta semana e ele nos mostrou como está a situação do hospital. Em emendas deste ano, foram destinados R$ 700 mil ao Padre Zé. Fiz um apelo aos vereadores. Se cada um der R$ 100, R$ 50 mil em emenda vai ter dinheiro para o hospital. Se cada um contribuir um pouquinho e fizer a sua parte vamos conseguir cobrir os custos”, argumentou o presidente da Câmara, como observado pelo ClickPB.
O ClickPB identificou que para o exercício de 2024 cada um dos 27 vereadores da Capital vai ter R$ 876 mil em emendas. Deste valor, 50% tem obrigatoriedade para ser encaminhado à saúde.
Entenda a crise no Padre Zé
O escândalo no Hospital Padre Zé começou a ser divulgado após o desaparecimento de celulares e equipamentos eletrônicos doados pela Receita Federal para serem leiloados pelo hospital.
Após isso, começaram a surgir denúncias de desvio de outros recursos e o esquema criminoso, comandado pelo padre Egídio de Carvalho, então diretor do hospital, virou algo de uma investigação na Operação Indignus.
Durante as ações policiais, o padre Egídio foi afastado da direção do Hospital Padre Zé pela Arquidiocese da Paraíba. Uma nova equipe foi designada para comandar a unidade de saúde e determinou, inclusive, a realização de auditorias.
Como acompanhou o ClickPB, a Arquidiocese revelou que o padre Egídio havia contraído o valor de R$ 13 milhões em empréstimos em nome do Hospital Padre Zé e o dinheiro nunca chegou a ser aplicado na unidade de saúde.
A Operação Indignus cumpriu mandados em dez imóveis que seriam do padre Egídio, dentre eles uma granja na cidade de Conde e apartamentos em prédios de luxo na orla de João Pessoa.
Como trouxe o ClickPB, nos locais, os investigadores encontraram itens de luxo e ostentação. Os imóveis eram equipados com lustres e projetos de iluminação requintados.
Também chamou atenção que na granja havia móveis rústicos de madeira avaliados em R$ 3 milhões, além de 30 cães da raça Lulu da Pomerânia. Uma pesquisa do ClickPB revelou que um cão desta raça pode ser comercializado por até R$ 10 mil.
O padre Egídio de Carvalho, além de Amanda Duarte e Jannyne Dantas, ambas apontadas como envolvidas no esquema, foram presos no dia 17 de novembro.
Após audiência de custódia, o padre foi encaminhado ao Presídio Especial em João Pessoa, Amanda Duarte está em prisão domiciliar, por estar amamentando um bebê de quatro meses, e Jannyne Dantas foi levada ao presídio feminino Júlia Maranhão, também na Capital.
Em tentativa de colocar o religioso em liberdade, os advogados do padre Egídio entraram com habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas a medida foi negada pelo ministro Teodoro da Silva Santos.