O Congresso evangélico Encontro para a Consciência Cristã, realizado entre 8 e 13 de fevereiro na Paraíba, não terá mais a participação do pastor americano Douglas Wilson, acusado de defender a escravidão usando argumentos bíblicos. A medida foi anunciada nessa quarta-feira (17) pela entidade responsável pelo evento — Visão Nacional para a Consciência Cristã (VNCC).
Em nota, a VNCC afirma que cancelou a presença de Wilson devido à polêmica sobre o “sensível tema da escravidão nos Estados Unidos”. “Considerando as reações às veiculações de sua presença entre nós — inclusive com incitação a crimes de ódio, e, eventualmente, à escalada de violência física, julgamos por bem, em mansidão e amor cristão, cancelar sua participação, no intuito de garantir a segurança física do Pastor Wilson, dos demais preletores, e das mais de 100 mil pessoas que passarão pelo encontro”, disse a entidade.
Wilson, por sua vez, realizou uma postagem no site da Editora Monergismo nomeada Uma palavra ao bom povo do Brasil, em que se defende das acusações de que apoiaria a escravidão. “Um de meus principais motivos para me comunicar com vocês dessa forma é que, embora as Escrituras obviamente nos ensinem que é pecado mentir, também somos instruídos de que é pecado acreditar na mentira. Afinal de contas, nossos primeiros pais mergulharam nosso mundo no pecado porque acreditaram em uma mentira”, afirmou o pastor.
Na publicação, Wilson elenca sete motivos que supostamente provariam que ele não defende a escravidão, entre eles páginas de seu blog em que fala sobre “Questões Críticas” (entre elas, o racismo) e em que afirma que nega que “a escravidão tenha sido um bem positivo”. O pastor ainda fez uma crítica à cultura do cancelamento, ao dizer que “é uma estratégia que o inimigo desenvolveu e a utiliza com alto grau de eficácia.”
“Se a acusação de que amo a escravidão for usada por Deus para levar qualquer um de vocês a entrar em contato com o evangelho da libertação e se algum escravo do pecado for libertado por meio desse evangelho da livre graça e do perdão, isso seria o que eu chamaria de uma doce ironia. E terá valido muito a pena”, finaliza Wilson.