O ex-diretor de Relações Públicas e operador financeiro da Braiscompany, Victor Hugo Lima Duarte, foi condenado a 36 anos e 8 meses de prisão. A sentença foi proferida pelo juiz Vinícius Costa Vidor, da 4ª Vara Federal em Campina Grande.
Na sentença, o juiz destacou que Victor foi “responsável pela captação e gestão de carteira de clientes de mais de cinco milhões de reais e realizado movimentação contínua de ativos financeiros desviados de clientes em suas contas pessoais em favor dos mentores do esquema criminoso”.
O texto também destaca que a investigação identificou depósitos na conta pessoal de Victor, feitos por vítimas do golpe, que chegaram a R$ 1 milhão.
A pena é decorrente da prática dos crimes de operação de instituição financeira sem autorização, emissão, oferecimento ou negociação irregular de títulos ou valores mobiliários, apropriação indébita financeira, lavagem de capitais e organização criminosa.
A defesa de Victor afirmou que irá recorrer da decisão no Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) que pedirá um habeas corpus para que ele responda o processo em liberdade.
Victor Hugo é o 12º condenado no caso do esquema de pirâmide financeira envolvendo a empresa, sediada em Campina Grande. A pena dele é a 3ª maior entre os condenados no caso.
Outros condenados pela Justiça:
- Antônio Inácio da Silva Neto: 88 anos e 7 meses
- Fabrícia Farias: 61 anos e 11 meses
- Mizael Moreira da Silva: 19 anos e 6 meses
- Sabrina Mikaelle Lacerda Lima: 26 anos
- Arthur Barbosa da Silva: 5 anos e 11 meses
- Flávia Farias Campos: 10 anos e 6 meses
- Fernanda Farias Campos: 8 anos e 9 meses
- Clélio Fernando Cabral do Ó: 19 anos
- Gesana Rayane Silva: 14 anos e 6 meses
- Deyverson Rocha Serafim: 5 anos
Entenda o caso
Desde fevereiro de 2023, a empresa Braiscompany é alvo de uma ação na Justiça devido a atrasos nos pagamentos mensais previstos em contratos de investimento, se tornando o centro de uma série de acontecimentos que abalaram o mercado financeiro e que trouxeram prejuízos significativos para seus clientes.
A partir daí, uma investigação da Polícia Federal revelou um esquema de pirâmide financeira. Ainda no mesmo mês, cerca de R$ 15,3 milhões foram bloqueados nas contas de investigados durante a Operação Halving da Polícia Federal.
Este valor se soma aos R$ 45,1 milhões previamente bloqueados em contas bancárias da empresa e dos sócios Antônio Inácio da Silva Neto e Fabrícia Farias Campos. Em abril de 2023, o número de reclamações já havia ultrapassado 3.300. As denúncias dos clientes recebidas pelo MP-Procon somaram um prejuízo de aproximadamente R$ 258,2 milhões.
Em junho do mesmo ano, funcionários ligados à empresa foram presos pela Interpol. Já em julho, novos mandados de busca e apreensão foram cumpridos, revelando uma movimentação total de cerca de R$ 2 bilhões em criptoativos vinculados aos suspeitos ao longo dos últimos quatro anos.
O montante a ser reparado em danos patrimoniais totaliza R$ 277 milhões, enquanto o dano coletivo é estimado em R$ 100 milhões. O golpe aplicado pelos sócios da Braiscompany contra investidores foi calculado em cerca de R$ 400 milhões de dólares.
A situação atingiu seu ápice em fevereiro de 2024, quando o casal responsável pela Braiscompany foi condenado a 149 anos de prisão. No entanto, eles conseguiram fugir e viver clandestinamente na Argentina, utilizando identidades falsas e desfrutando de um estilo de vida luxuoso.
Antônio e Fabrícia permaneceram foragidos até o dia 29 de fevereiro deste ano, quando foram presos pela Interpol na cidade de Escobar, na Argentina.
Agora, a Justiça Federal da Paraíba busca sua extradição para que possam responder pelos crimes cometidos no Brasil. Os dois países têm um acordo que permite a extradição.
Portal Correio