Em carta, 30 ex-presidentes pressionam Lula a defender democracia na Venezuela

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Em uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta segunda-feira, 5, trinta ex-chefes de Estado da América Latina e Espanha pediram para que o mandatário brasileiro pressione mais a Venezuela em defesa da democracia na região.

“Os ex-chefes de Estado e de governo que subscrevem esta mensagem, membros da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Idea), exortamos a Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Federativa do Brasil, a reafirmar seu inquestionável compromisso com a democracia e a liberdade, as mesmas de que gozam seu povo, e a fazê-la prevalecer também na Venezuela”, afirmam os signatários na carta.

Na nota, os ex-presidentes afirmaram que o verdadeiro vencedor das eleições presidenciais venezuelana foi Edmundo González, candidato opositor ao mandatário Nicolas Maduro. Além disso, escreveram que são porta-vozes da maioria dos venezuelanos e destacam o número de prisões, torturas, desaparecimento e mortes que já aconteceram desde o início dos protestos contra a reeleição de Maduro. Até o momento, 12 mortes já foram relatadas.

“Eles estão protestando em defesa de seu voto, estão resistindo pacificamente, guiados por María Corina Machado e por quem, como demonstram os relatórios eleitorais que são de conhecimento público e foram coletados pelas testemunhas na seção eleitoral, foi eleito presidente, Edmundo González Urrutia. A Venezuela tem o direito de fazer uma transição para a democracia”, conclui a carta.

O documento foi assinado por integrantes do grupo Idea, fórum composto de 37 ex-líderes mundiais. Entre eles estão o argentino Maurício Macri, os colombianos Álvaro Uribe e Iván Duque, o equatoriano Guillermo Lasso e o boliviano Carlos Mesa. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também é integrante do Idea, mas não assinou a carta.

Lula e Venezuela

Lula ainda não reconheceu a vitória de Maduro declarada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) no domingo, 28. O presidente brasileiro também cobrou que o governo venezuelano divulgasse as atas eleitorais, que até o momento não vieram a público por parte do regime, mas atenuou o tom e não acusou fraude.

“É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata”, disse Lula.

Durante sua visita ao Chile nesta segunda-feira, Lula e o mandatário chileno, Gabriel Boric, conversaram a portas fechadas sobre a situação da Venezuela.

A oposição venezuelana alega que González venceu com 73% dos votos, enquanto Maduro teria arrematado menos de 30% (segundo o CNE, o presidente da Venezuela teria vencido com 51%). O principal ponto de questionamento é que até o momento o regime não divulgou os resultados na totalidade, desagregados por mesa de votação, enquanto a oposição fez esforços para obter e divulgar esses dados.

Lista dos signatários

Mario Abdo, Paraguai
Óscar Arias S., Costa Rica
José María Aznar, Espanhaa
Nicolás Ardito Barletta, Panamá
Felipe Calderón, México
Rafael Ángel Calderón, Costa Rica
Laura Chinchilla, Costa Rica
Alfredo Cristiani, El Salvador
Iván Duque M., Colômbia
José María Figueres, Costa Rica
Vicente Fox, México
Federico Franco, Paraguai
Eduardo Frei Ruiz-Tagle, Chile
Osvaldo Hurtado, Equador
Luis Alberto Lacalle H., Uruguai
Guillermo Lasso, Equador
Mauricio Macri, Argentina
Jamil Mahuad, Equador
Hipólito Mejía, República Dominicana
Carlos Mesa G., Bolívia
Lenin Moreno, Equador
Mireya Moscoso, Panamá
Andrés Pastrana, Colômbia
Ernesto Pérez Balladares, Panamá
Jorge Tuto Quiroga, Bolívia
Mariano Rajoy, Espanha
Miguel Ángel Rodríguez, Costa Rica
Luis Guillermo Solís R., Costa Rica
Álvaro Uribe V., Colômbia
Juan Carlos Wasmosy, Paraguai

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