Vaqueiro ordenou incêndio em acampamento do MST, na zona rural de Riacho de Santo, diz delegada

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Um vaqueiro foi o mandante de um incêndio criminoso registrado na noite de 08 de junho no acampamento “Canudos”, do Movimento Sem Terra (MST) na Paraíba, no município de Riacho de Santo Antônio, no Cariri. A afirmação é da delegada Suelane Guimarães, da 11ªDelegacia Seccional de Polícia Civil, em Queimadas, durante entrevista a TV Borborema nesta sexta (16/08).

Ele está foragido, mas um segundo envolvido foi preso. De acordo com as investigações, o dono da propriedade nada tem a ver com o crime que foi uma iniciativa do vaqueiro (que administrava a fazenda). O vaqueiro, inclusive, tem mais gado na propriedade do que o próprio dono, segundo a PC.

Na noite do crime quatro homens armados e encapuzados invadiram o local, expulsaram as famílias de suas respectivas casas, amarraram os adultos e iniciaram o incêndio. Sete casas foram queimadas, sendo que três delas ficaram totalmente destruídas.

O QUE DISSE A DELEGADA…

O caso aconteceu no sábado, 08 de junho (um sábado à noite).

Os acampados da Fazenda Canudos foram ‘recepcionados’ durante à noite por quatro homens encapuzados, com armas de fogo, e que ali seguram os homens existentes com ‘amarrações’ e atearam fogo nas casas deles (nos barracos que ali existiam).

Seis famílias tinham lá e foi ateado fogo e foram queimados documentos e pertences de todos deles.

E aí no domingo (09) fomos ao local e naquele momento em que participávamos da perícia técnica, já se tinha rumores de quem poderia ter sido o mandante daquela situação haja vista que ‘já existia um problema com o mandante principal’.

Só que com rumores a gente não faz prisão, a gente precisa investigar.

E aí em cima, desses rumores iniciais, e de toda outra gama que a gente tem que seguir da investigação (todos os nortes), restou exatamente este de forma mais profícua, de forma mais determinante, de que realmente um dos vaqueiros, dali da fazenda, seria o principal mandante dessa situação de atear fogo (não tendo certeza da participação, na execução, de outras pessoas), mas ele e outra pessoa (que trabalhava com ele) seria o principal mandante.

E perante prova testemunhal e juntando todo quebra-cabeças da investigação, foi o que restou de mais certo e representamos pela Prisão Preventiva de duas pessoas e com Mandado deferido pela juíza da Comarca de Boqueirão, nós seguimos para efetuar as prisões dos dois, mas que só conseguimos efetuar a prisão de um deles.

O principal mandante foragiu do local e até o momento ainda não foi localizado.”

MOTIVAÇÃO….

Conforme a delegada Suelane Guimarães, a motivação está ligada a questão de terra e pessoal.

É questão de terra e pessoal, na verdade.

Pelo que podemos apurar o proprietário da fazenda nada tem a ver com esses fatos.

Na verdade ele não frequentava a fazenda, ou frequenta a fazenda, há algum tempo.

Visita a fazenda de forma esporádica.

De forma que quem ficava à frente era um vaqueiro e era quem mais obtinha êxito e lucro em estar ali porque lá ‘ele tinha mais cabeças de gado de que o proprietário’, lá ele arrendava a terra, lá ele era a única pessoa que tinha produção pra ser afeita e dividida com os acampados (que era o que ele – o vaqueiro – não queria fazer – essa divisão)”.

OS ACAMPADOS ESTÃO NO LOCAL HÁ 15 ANOS

Segundo a delegada Suelane Guimarães, “os acampados estão ali há 15 anos e sempre mantiveram uma posse pacífica junto com o proprietário.

Onde eles estivaram ali todo este tempo com o proprietário e de um ano e meio pra cá, quando mudou a ‘administração’ (o vaqueiro), a partir disso foi que realmente os acampados passaram a ter problemas por estarem ali acampados”.

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COMO FOI O INCÊNDIO….

Segundo as vítimas, o crime aconteceu por volta das 20h30 e os homens chegaram dizendo que eram policiais.

Eles praticaram terrorismo psicológico contra as vítimas, ameaçando-as de morte caso não deixem a região.

Peritos da Polícia Civil encontraram garrafas de plástico com gasolina que teriam sido usadas para estimular o fogo.

Havia crianças no acampamento no momento do crime, incluindo um bebê de três meses.

A ação durou cerca de uma hora, os acampados foram ameaçados, obrigados a assistir as chamas consumirem as casas e só depois os autores foram embora.

Com apoio da Polícia Militar, os sem-terra controlaram o fogo.

(Por www.renatodiniz.com)

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