Às vésperas do segundo turno das eleições, a realidade em Campina Grande (PB) é de empate técnico entre o candidato a reeleição Bruno Cunha Lima (União Brasil) e o “estreante” Jhony Bezerra (PSB). A última pesquisa realizada, pela Real Time Big Data, mostra os dois postulantes empatados no limite da margem de erro, cenário que se reflete nas ruas da “Rainha da Borborema”: uma cidade dividida.
Defendendo a continuidade do mandato, o representante da maior oligarquia da Paraíba, Bruno Cunha Lima tem a seu lado, além dos primos Cássio e Pedro Cunha Lima (PSDB), o senador Veneziano Vital do Rego (MDB) e o deputado federal Romero Rodrigues (PODEMOS). Curiosamente, Cássio, Veneziano e Romero são os três últimos prefeitos da cidade e uniram-se para tentar a reeleição do atual prefeito. Bruno também conseguiu o apoio de um dos candidatos derrotados no primeiro turno: Artur Bolinha (NOVO), que tinha o apoio de Jair Bolsonaro.
Para enfrentar o poder de fogo desses políticos tradicionais de Campina Grande, o seu antagonista Jhony Bezerra tem o apadrinhamento do governador do estado da Paraíba, João Azevedo, a família Ribeiro (do deputado Aguinaldo Ribeiro, a senadora Daniela Ribeiro e seu filho, o vice-governador Lucas Ribeiro), além dos outros três candidatos derrotados no 1º turno: André Ribeiro (PDT), Inácio Falcão (PcdoB/PT/PV) e Nelson Junior (PSOL/REDE).
Após o primeiro turno, onde Bruno teve 48,22% dos votos contra 34,58% a corrida eleitoral na segunda maior cidade da Paraíba ganhou ares de cabo-de-guerra. Apoiadores de Bruno passaram para o lado de Jhony enquanto outros que apoiaram o segundo colocado passaram para o time do atual prefeito. Trocas de camisa feitas à luz do dia, sem pudor algum. Desde pessoas de confiança de ambos a marinheiros de primeira viagem, o troca-troca foi intenso nas duas primeiras semanas de campanha. Com festa e anúncios de ambos os lados.
A busca pelo voto conservador
Certos de que os votos mais conservadores, que no primeiro turno foram dados ao bolsonarista Artur Bolinha, serão fundamentais para decretar quem será o vencedor, os candidatos não perderam tempo em se adequar ao gosto do eleitor religioso e fundamentalista. Para aceitar o apoio oficial de Bolinha, Bruno Cunha Lima aceitou retirar do seu programa alguns projetos voltados à comunidade LGBTQIAPNB+, num retrocesso inaceitável que gerou até mesmo um protesto nesta quinta-feira (24) pela manhã, na praça da Bandeira, no centro da cidade.
Por outro lado, Jhony Bezerra se reuniu com religiosos da VINACC, que promovem o Encontro para a Consciência Cristã (um dos maiores eventos fundamentalistas do Brasil) e entregou uma carta-compromisso aos líderes evangélicos onde se compromete em manter o “carnaval da paz”, a não aceitar nenhum ensino com “doutrinação” nas escolas do município, além da valorização da família e políticas contra o aborto. Em entrevista, sua apoiadora Rosália Lucas chegou a afirmar que deve manter o esquema de pré-carnaval “Campina Folia”, seguido do “Carnaval da Paz” (com os eventos religiosos) durante os dias do feriado.
Dias de tensão
Pelo jeito, os últimos dois dias antes do pleito do próximo domingo serão de muita articulação, campanha e demonstrações de força e apoios. Uma coisa é certa: há tempos Campina Grande não tinha uma eleição municipal tão movimentada e aberta a surpresas até o dia final. A apreensão paira no ar da Rainha da Borborema, a “Canaã de leais forasteiros”.
Revista Fórum