Ao assumir seu terceiro mandato na Presidência da República, Lula tentou honrar o conceito de frente ampla usado para derrotar Jair Bolsonaro e distribuiu ministérios a quase uma dezena de partidos, incluindo legendas de centro, como MDB, PSD e União Brasil. Os principais cargos, no entanto, foram destinados ao PT, que ficou com a Fazenda e a Educação e se tornou a única sigla com representação no Planalto, onde controla a Casa Civil, a Secretaria de Relações Institucionais, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) e a Secretaria-Geral da Presidência da República.
Na reforma ministerial que deve ser realizada no início deste ano, o PT pode deixar de ser o único partido com gabinete no palácio. Uma mudança considerada certa é a substituição do deputado licenciado Paulo Pimenta (PT-RS), que chefia a Secom, pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, que trabalhou na campanha de Lula em 2022, já tem aconselhado o presidente e ajudou a elaborar a estratégia de divulgação do pacote fiscal anunciado no fim do ano passado. A troca, se confirmada, será entre colegas de time e não mudará o arranjo partidário, o que ocorrerá se outra alteração cogitada nos bastidores for realizada.
Fogo amigo
Desde 2023, a articulação política do governo é criticada por líderes do Congresso. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a transformar em seu desafeto público o petista Alexandre Padilha, titular da Secretaria de Relações Institucionais. Houve até um movimento para tentar substituir Padilha pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), mas a ofensiva não deu certo. No fim do ano passado, no entanto, voltaram a ganhar corpo articulações a favor da troca de comando da articulação política.
Como a ideia do presidente com a reforma é reforçar alianças com outros partidos, dois nomes passaram a ser aventados para o lugar de Padilha. Um deles é o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, filiado ao Republicanos. O outro, Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, do PSD. Silvinho, como é conhecido, é muito próximo do favorito para assumir a Câmara em fevereiro, o deputado Hugo Motta, seu colega de partido. Já Silveira é conhecido por falar e fazer o que Lula quer. O convite a um dos dois é visto pelos defensores da ideia como uma chance de o mandatário a reforçar seu projeto de reeleição. Se for feito e aceito, romperá o cordão petista no Planalto.
Com Veja